Tereza viveu até seus cinco anos em meio a crianças num orfanato em Cartagena, litoral da Espanha, onde foi deixada por seus país quando ainda era um bebê de colo. Nunca soube de seu passado, nem tem tanta idade para saber ainda. Sempre teve dificuldade de se relacionar com as pessoas – uma maneira tímida de ser – por isso, freqüentemente, como boa apaixonada por gravuras, ficava horas observando as imagens que a distanciavam do mundo real e das dificuldades que enfrentava sozinha no mundo.
Foi por poucos euros que Javier comprou meia dúzia de crianças no orfanato de Dona Consuelo. A velha espanhola não fazia questão de manter a dignidade dessas pequenas, o que lhe trazia o sorriso ao rosto era o dinheiro.
Foi no meio da noite que Tereza junto às outras cinco crianças foi levada por Javier para um navio com destino à Toulon, na França. Lá, eram aguardadas para serem distribuídas por todo o país. Javier trabalhava com venda de crianças para turismo sexual. Nunca demonstrou nenhum sentimento de compaixão. Se aproximava muito de Dona Consuelo por sua ganância e avareza.
Foi no dia seguinte que Tereza acordou e se viu num lugar escuro e desconhecido. O cheiro de éter ainda exalava de seu nariz. O porão que abrigava clandestinamente as crianças fedia a mofo e as paredes umedecidas atraiam os ratos que dividiam o espaço com aqueles órfãos. Dentro do navio continham 100 crianças de até 8 anos, todas rumo à humilhação física e psicológica que adiante encontrariam.
Um clarão ilumina o porão e Javier alegra as crianças com os melhores dos brinquedos. Como bem informou Dona Consuelo, Javier reservou a Tereza diversos livros de gravura. Pela primeira vez, contudo, o livro não a entretia. O medo tomava conta da pequena Tereza. Uma máquina fotográfica envolta no pescoço de Javier passou a focar o rosto de cada um dos pequeninos daquele porão para a divulgação dos rostinhos que a diante seriam comprados. Na foto, o rosto de Tereza evidenciava o destino inevitável dela e das crianças.
Laís Bellini e Nathália Bottino
terça-feira, 23 de março de 2010
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