Juliano Sousa
Maria Carolina Vieira
Filha mais nova de uma família tradicional árabe, Ayanna é uma menina triste de 5 anos. Sua mãe foi condenada ao apedrejamento por ter sido infiel com um ocidental residente no país e nossa personagem é fruto, justamente, desse episódio. Graças à situação descrita, ela é excluída e maltratada, mesmo muito nova, dentro de seu ambiente familiar. Além de toda a repressão tradicional contra a figura feminina, existe a idéia de seus familiares que ela é fruto do mal, do pecado.
Fazia tempo que aquele homem observava essa menina. Sempre acuada, ela só saía ao quintal aos fins da tarde para recolher os panos, que secavam no sol escaldante de Teerã. Era a chance. Rapidamente agarrou a menina, pediu calmamente que não gritasse, envolveu-a com um véu e saiu caminhando. Ayanna estava assustada, mas lembrou das histórias que ouvia de seu irmão, único que lhe era querido, e dos príncipes que resgatavam quem tinha o coração sofrido.
Chegaram a uma casa, um pouco abandonada, e o homem, que não tinha feições parecidas com de ninguém que Ayanna já tivesse visto (era loiro, afinal) disse, numa mistura de emoção e ansiedade, que era seu verdadeiro pai e estava ali para tirá-la da família que só lhe desprezava.
O homem, que já se sentia culpado pela morte da mãe de Ayanna, não queria forçá-la a nada, mas desesperadamente queria que ela tivesse um futuro melhor. Mostrou a ela um livro, o primeiro que colocara as mãos, e disse-lhe:
- Aqui está o caminho para uma nova vida, para nós dois. Venha comigo, e seja minha filha.
Ayanna não tinha compreensão da gravidade daquilo tudo, mas sabia que o universo das histórias encantadas, o mundo que lhe permitia escapar da dura realidade de sua infância, agora estava em suas mãos. Olhando para os olhos do pai, disse-lhe que... sim.
terça-feira, 30 de março de 2010
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