terça-feira, 1 de junho de 2010

O documentário “Edifício Master” e os tópicos de Tricha Das

Renata Mondini Takahashi

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É complicado elaborar uma fórmula para uma produção audiovisual. A tentativa pode ser válida e útil em algumas ocasiões, mas não deve limitar o produtor, diretor e roteirista. Tricha Das trabalha com sete tópicos em “How to White a documentary”. A seguir, alguns comentários a respeitos desses tópicos, com base no documentário de making off do filme também documental “Edifício Master”, dirigido por Eduardo Coutinho.

No making off, descobrimos que para produzir “Edifício Master”, Coutinho e sua equipe passaram algumas semanas morando no edifício, para aproximar a equipe e os moradores, e para que a produção se familiarizasse com o lugar. A intenção era inspirar a equipe, para fazer surgir idéias para o filme. Assim, quando Tricha Das diz que o documentário é um gênero flexível, ela é condizente com o que fez o diretor Coutinho, que se mostra aberto a idéias e possíveis mudanças de planos.

O documentário mostra que os moradores do edifício são pessoas diferentes umas das outras, cada qual com sua história. Ele procura dar espaço a cada história, uma por uma, o que faz com que o documentário tenha diversos personagens e protagonistas. Apesar disso, possui um tema que liga todas as pessoas que aparecem no vídeo, que é o Edifício. Todas são moradoras do Edifício Master. Ainda assim, não é apropriado dizer que o tema é o principal nesse caso, como afirma Tricha Das. A temática muda de acordo com a história que está sendo contada. Talvez se antecipando a qualquer crítica, um dos tópicos de Tricha é justamente que a forma é mais importante que a fórmula. Admite assim, mesmo tendo escrito uma lista de como se escreve um documentário, que quem produz o filme não precisa se fechar em um modelo. Eduardo Coutinho procede dessa maneira em sua produção.

O diretor opta, em boa parte do filme, pela câmera fixa. As entrevistas são, em sua maioria, depoimentos auto-reflexivos, com trechos de silêncio. As histórias contadas são reais. Portanto, o diretor trata de fato, não de ficção em seu documentário. Nesse ponto também se apóia a dramaticidade. Mas mesmo tratando de fato, o making off nos mostra que há seleção na gravação dos depoimentos e na escolha e edição dentro do vídeo. Por isso, não necessariamente, a produção de um documentário envolve menos controle, como afirma um dos tópicos de Tricha.

Não há dúvidas sobre a credibilidade ser a palavra-chave na produção do documentário. No caso de Coutinho, ele constrói sua credibilidade na forma como lida com os personagens do filme, encorajando-os a contar suas histórias na frente das câmeras e não impondo barreiras aos entrevistados. Assim, eles ficam tão a vontade que a conversa parece íntima, o que dentro de um documentário, que busca mostrar a realidade, é essencial e acaba inspira o telespectador.

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