terça-feira, 1 de junho de 2010

A LIBERDADE DE SE PRODUZIR UM ROTEIRO PARA DOCUMENTÁRIO

por: Juliano Ferreira de Sousa - RA: 830534

Para se fazer uma comparação entre a construção de um roteiro para uma produção audiovisual ficcional e a construção de um roteiro para documentário é preciso entender que ambos têm características, finalidades e formatos completamente diferentes. Enquanto um envolve personagens inventados, que seguem exatamente a história construída (escrita) para cada um deles, o outro normalmente trata de pessoas reais que vivem situações reais e que estão naquela produção como testemunhas, membros de uma produção que defende a verdade, e que busca, certamente, a construção de credibilidade.

Vale também citar que, quando pensamos em um documentário propriamente dito (que será usado na comparação com a ficção que faremos), estamos falando daquele que mescla imagens, depoimentos, o cotidiano, mostrando e discutindo o tema apresentado. O documentário linear, que apenas tem uma narração sobre uma coletânea de imagens, acaba por se aproximar mais do roteiro ficcional e por isso não será tão pensado nesta breve análise.

Os princípios defendidos por Trisha Das, vão exatamente tratar dos objetivos de um documentário, do modo que ele é construído, de suas prioridades, evidenciando seu natural distanciamento da ficção. Como corpus de análise, utilizaremos o Making off do documentário ‘Edifício Master’ (2002), que mostrou os bastidores das filmagens, o que foi levado em conta na separação das histórias e, o principal, o como o roteiro foi sendo construído naturalmente a partir de entrevistas, filmagens e separação de histórias.

Começamos, então, estabelecendo uma oposição natural entre o tipo de criação do roteiro ficcional e do roteiro de um determinado documentário. A ficção sempre é previamente pensada e a seqüência dos acontecimentos já está sempre previamente estabelecida (com a ação dos personagens e a história sendo minimamente modificada no período das filmagens). Já o documentário, como pudemos perceber no filme apresentado em sala de aula, prioriza o tema em si e, a partir dele, são buscadas informações, imagens, histórias, personagens reais e declarações que consigam enriquecer a proposta e construir naturalmente a história apresentada.

Também é válido comentar, que como pudemos observar no vídeo visto, o roteiro final do documentário citado acima só foi construído após inúmeras entrevistas, observações e conversas entre os diretores, produtores e a equipe de filmagem. Logo, podemos facilmente perceber que a construção do produto final deste tipo de conteúdo audiovisual é muito mais flexível, valoriza muito a ação da realidade, as histórias que mostrem a verdade, o relato de fatos firmes que passem a impressão de que temos ali uma produção bastante carregada de credibilidade.

Fica claro que o ‘Edifício Master’ (2002) só foi finalizado com sucesso porque sua equipe deu total liberdade para que as histórias, a seqüência e as filmagens fossem acontecendo de maneira livre, natural. Percebemos também que não existe fórmula concreta para se chegar a um documentário de sucesso, pois, cada produção vai se formar a partir do que foi coletado e percebido, podendo, no final, haver uma mudança total na idéia inicial que foi criada.

Enfim, foi justamente desta forma, sem ficar muito preso a roteiro pré-produzido e conseguindo pensar em prioridades durante o próprio período de investigação e gravação, que o diretor do documentário (Eduardo Coutinho) que estamos tratando conseguiu organizar, juntar e colocar de maneira interessante as histórias, as personagens (sabemos que, de 500 moradores, apenas 37 foram escolhidos para fazerem parte da produção); criando um ambiente bastante interessante em que o edifício funcionou como o principal personagem, de forma extremamente atrativa e curiosa.

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