domingo, 30 de maio de 2010

Edifício Master – análise da construção de um documentário

CAROLINA BORTOLETO FIRMINO - 830682


Ao assistir o making of do documentário “Edifício Master” de Eduardo Coutinho e compará-lo ao produto final, é possível perceber alguns aspectos pontuados em “How to write a documentary script”, de Trisha Das.

São esses aspectos: o tema, a credibilidade, forma X fórmula, relação entre fatos e ficção, movimento e ação, a flexibilidade e o menor controle sobre a obra.

No making of fica nítida a importância de cada um desses fatores. O tema, por exemplo, já existia. Coutinho sabia o que queria fazer, mas não tinha certeza se daria certo. Falar sobre o condomínio? Sobre as histórias que ali se passaram? Ou sobre as pessoas, que ali vivem? Afinal, elas não são celebridades, mas não deixam de chamar a atenção para a sua vida. O tema surge conforme vão surgindo as histórias. Nesse meio tempo, percebe-se não só a relação entre fatos e ficção, mas também o menor controle sobre a obra.

A relação entre fatos e ficção aparece justamente nas histórias contadas pelos moradores, e Coutinho percebe isso. No final do making of, quando um deles canta “My Way”, o documentarista grita que aquilo é “pura ficção”, talvez pelo fato dele mesmo pedir a música e criar a cena. E não é só. Sendo contadas as histórias, são criados personagens, as personalidades do “Edifício Master”. Sobre a falta de controle da obra, realmente, no início Coutinho estava perdido, não se mostrou amigável e não sabia que caminho seguir, mas conforme foram surgindo pessoas com histórias interessantes pra contar, o cenário foi se constituindo.

A credibilidade, o movimento e a ação aparecem com o todo o cenário construído. Um documentário que passa credibilidade é aquele que mostra o contexto exatamente como ele é. Coutinho conseguiu isso retratando as pessoas verdadeiramente. No making of é possível perceber a liberdade dada aos personagens do documentário, já que eles contam suas histórias como elas realmente aconteceram, sem restrições. O movimento e ação, por sua vez, se dão nas próprias histórias e na busca por elas. A equipe tenta conseguir personalidades que prendam a atenção de quem for assistir o documentário, e com isso dão ação e movimento às filmagens, o que pode ser percebido no produto final.

Por fim, a flexibilidade e a relação forma X fórmula também são percebidas ao comparar o documentário em si, com o making of. A fórmula pronta para se fazer um documentário acaba perdendo a validade, já que se o produto for igual a qualquer outro, pode deixar de ser interessante e único. A forma como ele é feito, porém, pode chamar a atenção e resultar em um documentário com suas próprias peculiaridades e pontos que prendem o olhar de quem o assiste. Neste aspecto é importante a flexibilidade, para entender o que é melhor, o que é mais fácil ou difícil, o que vai qualificar a obra etc, sem se prender a conceitos.

O documentário “Edifício Master” o seu making-of mostram a ousadia de um cineasta que apesar de ter uma idéia boa, não sabia o que ia encontrar. Com todos os aspectos citados acima, entre os mais nítidos a flexibilidade, o movimento e a credibilidade, Coutinho conseguiu um produto que nem ele podia imaginar produzir, vide a insegurança mostrada no making-of. Acredito que o modo como ele entrou na vida daquelas pessoas e a segurança adquirida ao longo das filmagens, resultaram num documentário que consegue enriquecer o inexplorado e a realidade muitas vezes distante das câmeras.

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